quinta-feira, 2 de abril de 2009

A cor dos olhos


Certo peregrino, cansado e sedento, viu lá ao longe um oásis e aproximou-se. À sombra daquelas palmeiras os bedenuínos pareciam gente feliz. As crianças brincavam, as mulheres acolhiam com um sorriso, os homens entretinham-se em ameno convivio. O peregrino sentiu-se reconfortado: era precisamente aquilo que procurava. Mas não fosse o diabo tecê-las e ser tudo aparência, resolveu perguntar a um velho que brincava com uma criança:
- "Oiça, bom amigo,ando à procura de um lugar agradável para viver. Diga-me, como são as pessoas da sua terra?"
O ancião olhou-o e perguntou ao viajante:
-"E na sua terra, como são as pessoas?"
O nosso homem suspirou e disse:
-"Na minha terra, infelizmente, as pessoas são egoístas, desconfiadas, cada um só pensa nos seus interesses."
Retorquiu o velho:
-"Pois aqui as pessoas são muito parecidas com as da sua terra."
O peregrino ficou desiludido. Afinal, mais uma vez comprovara que aquela alegria que via era só aparente. E partiu em busca de outro lugar onde as pessoas fossem realmente felizes.
Naquele mesmo dia, pela tardinha, chegou outro viajante ao oásis e fez a mesma pergunta ao ancião. E este, por sua vez, respondeu com a mesma pergunta:
"E na tua terra como são as pessoas?"
O viajante sorriu e disse:
"Na minha terra as pessoas são muito boas e amigas umas das outras."
Retorqiu o velho:
"Pois aqui as pessoas são muito parecidoas com as da sua terra,"
E o viajante seguiu o seu caminho contente por, também ali, ter encontrado gente feliz.
Quando ficaram sós, a criança perguntou ao ancião porque dera a mesma resposta a ambos.
"Sabes, meu filho, as pessoas boas e más não estão fora de nós, mas dentro de nós. É a cor dos nossos olhos que ilumina as pessoas ou as enche de sombras. Quem não vê pessoas felizes e boas à sua volta, pode mudar de lugar que nunca as verá. Nao adianta mudar de lugar, o que é preciso é tratar dos nossos olhos."

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